quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O futuro da criança é determinado pela condição social da família em que ela teve a sorte ou o azar de nascer?

   A vida, eterna roleta russa no cassino do mundo, começa seu movimento antes mesmo de sua consciência. Rolam-se os dados buscando o resultado de variáveis mais favoráveis, pesando, por vezes, mais um lado do que outro no cubo viciado.
    Serão as variáveis, as determinantes para o futuro da criatura em gestação, porém, como o próprio vocábulo indica, são variáveis.
    O futuro não é ciência da natureza, possuidor de constantes. Um ser gerado em um ambiente hostil tende a ser também hostil ao ambiente a àqueles nele inseridos. As probabilidades de ser influenciado por situações próximas, pesam para a formação do carácter e dos desejos do ser, não sendo contudo, determinantes imutáveis ou inquestionáveis.
   Sociologicamente, generaliza-se as camadas, criando monstruosidades conceituais que a lógica não deve aceitar. É fato que famílias de condições sociais mais baixas, estão inseridas em um contexto que pouco favorece mudanças possitivas às suas proles. Relacionando com a ponta oposta da lança, as famílias de condições sociais mais altas, seria, então, uma atrocidade moral esperar dessas crias, as vindas do corpo e não da ponta da lança, a acenção à referida ponta.
   Porém, contrariando o conceito que defende o Homem como produto do meio, insere-se na mesa uma carta curinga, o espírito humano.
   O espírito humano, dotado de vontade e desejo, transforma o ser social em uma criatura, cheia, por vezes, de desejos de mudança, credora de convicções que diferem-se do seu meio pequeno.
   Sentindo-se abafado nas correntes que o sufoca, o espírito humano parte em busca de novas variáveis. Novas variáveis, novos conceitos e valores servindo de combustível para uma nova rodada no cassino da vida.
   Nascer em determinada classe social, pouco importa para o espírito humano. O ser, se movido por essa chama interna, não se acalmará com o óbvio que é permanecer estático.
   Portanto, se sorte ou azar o berço em que nasce o  indivíduo, complica-se o conceito pela intervenção de tão inquestionável variável, onde, o miserável pode tornar-se rei e o imperador, consumidos seus tostões, mendigo em mesa de jogo.

2 comentários:

  1. "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele."
    É a mais sábia frase que conheço, não importa o seio familiar em que o rebento nasça, o importante é a educação; família rica não garante ao jovem ética, educação perfeita ou sucesso na vida, assim como, família pobre não garante miséria e bandidagem aos seus. Tudo são oportunidades e educação. Esta bem de berço não importando se de ouro ou da mais singela madeira.
    Cheiro...

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  2. Muito bom esse texto! Me inspirei para a minha redação da escola com o mesmo tema.

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